A inclusão do cidadão no debate político tem sido uma agenda cada vez mais corrente para os gestores públicos, que têm percebido a importância do interesse coletivo para o sucesso de uma gestão mais democrática e colaborativa. Este cidadão nunca esteve tão conectado e almeja cada vez mais informações acessíveis, ágeis e transparentes.
Há uma crescente de CivicTechs, acompanhadas da tendência das GovTechs, que buscam um maior envolvimento do cidadão na solução dos problemas e na participação acerca das políticas públicas das cidades. Além disso, o governo federal, através da Secretaria de Governo Digital, tem investido consideravelmente na transformação digital dos serviços públicos brasileiros, acelerando a desburocratização e contribuindo com a qualidade do serviço público prestado ao cidadão.
As plataformas digitais se configuram como meio de acesso aos serviços, sendo necessário considerarmos a inclusão digital e o atendimento ao cidadão como fatores relevantes para este debate. Considerando a experiência do usuário no que diz respeito a facilidade de uso das soluções, o cidadão espera acessar os serviços do governo assim como já acessa os demais serviços, disponíveis na palma da mão, de forma descomplicada e transparente.
Outro aspecto importante é a educação como pilar para a transformação e inclusão digital da população. Este acaba sendo um tema pertinente nesse contexto, pois é de dentro das escolas que devemos iniciar um planejamento de futuro sustentável para as cidades.
A adoção de processos mais inclusivos de gestão e governança devem contemplar o engajamento público, seja através de consultas públicas ou uma participação mais inclusiva na elaboração de instrumentos como o Plano Diretor e o planejamento municipal, bem como o uso de tecnologia e soluções digitais que estimulem a inclusão através de uma comunicação mais clara e acessível fomentando o envolvimento comunitário.
As cidades inteligentes, que incluem diversas plataformas tecnológicas, envolvendo a eficiência energética, a segurança e as soluções digitais de gestão e aplicativos, englobam os dados dos usuários, os cidadãos, que devem ser integrados, a fim de obter cada vez mais informações estratégicas para a eficiência da gestão. É primordial que haja responsabilidade no uso dos dados dos cidadãos, para que de fato contribuam com o desenvolvimento de políticas públicas mais estratégicas que irão melhorar a qualidade de vida da população. A LGPD veio para regulamentar a proteção destes dados e prover mais segurança para os usuários em todas as esferas e sem dúvidas elucida muitas questões relacionadas ao armazenamento de informações.
O acesso aos recursos e aos serviços de saúde e educação, que enfrentou dificuldades na instauração inesperada de um modelo de ensino remoto e híbrido, é realizado na maioria das vezes através dos aplicativos, sendo estes recursos praticamente indispensáveis atualmente no nosso cotidiano. Mundialmente, as cidades globais têm disponibilizado aplicativos que incluem os diversos serviços em todas as esferas da cidade de forma integrada, os SuperApps, centralizando em uma única solução a comunicação com o cidadão.
A inclusão digital deve ser prioridade para a transformação digital dos governos, visando a construção de uma comunidade mais participativa e colaborativa. Este aspecto é fundamental para a implementação de políticas públicas para as cidades inteligentes bem como para a elaboração de estratégias de longo prazo, que devem contemplar o cidadão no centro da pauta para o desenvolvimento sustentável que ampara as diretrizes do governo digital.
*Larissa Tavares é formada em Relações Internacionais, está cursando MBA no Insper e atua há mais de 10 anos em projetos de inovação. Atualmente, gerencia a área de Marketing da Sonner, uma empresa que há 25 anos desenvolve soluções tecnológicas para tornar as cidades mais inteligentes.
Foto ilustração - Governo do Paraná
Autor:
Larissa Tavares
Fonte:
Rede Cidade Digital