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Quais os fatores propulsores e quais os limitadores para implantação de novas tecnologias no setor público

Cristina Schwinden*

ideia inovação

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Existe um mito de que administração pública não pode inovar. Se a inovação envolver tecnologia, mais dificuldades são relatadas. 

E é compreensível pensar assim. 

A engrenagem burocrática nem sempre trabalha ao nosso favor e, por muitas vezes, desistir é mais fácil do que perseverar.

Mas o que ninguém te conta é que quando você inova no setor público, o salto de gestão é tão impactante que pequenos gestos causam grandes resultados. E é aí que se faz importante compreender o ambiente e mapear quais fatores que acabam por limitar a inovação e quais que impulsionam tais projetos. 

Então o que explica o fracasso de projetos promissores enquanto outros conseguem prosperar?

Começaria dizendo que uma boa ideia não deixará de ser apenas uma ideia se não tiverem pessoas preparadas para transformá-la em um projeto. A lógica de pensar em tudo como projeto guia a organização no sentido de viabilizar aquilo que fica só no discurso. E para isso não tem escapatória: é necessário se capacitar ou trazer pessoas capacitadas. Infelizmente apenas a boa vontade do gestor público não é o suficiente para concretizar um plano que ficou apenas na esfera da idealização.

No entanto, costumo citar que um dos fatores de fracasso advém da falta de pessoas que queiram fazer acontecer. De forma inversa, mesmo que haja uma equipe qualificada para botar a ideia em prática, os gestores precisam estar comprometidos com o projeto. No ambiente municipal se não houver a presença do Prefeito como um validador constante, o projeto poderá ser engavetado em algum momento por não ter a “força” necessária no ambiente. A equipe se sentirá mais motivada e confiante quando perceber que é uma iniciativa apoiada de ponta a ponta.

Mas e os atores externos? Outro fator que poderá levar ao fracasso é a falta de uma interlocução clara sobre o que projeto consiste. Mesmo com equipe qualificada e gestores apoiando, o projeto poderá sofrer com críticas que podem tomar proporções maiores que o esperado, tornando abandonar uma opção. Nesse hall de atores citaria os vereadores, a imprensa local, os representantes de associações ou qualquer outra pessoa ou instituição que possa afetar de alguma forma a opinião pública. A melhor maneira de amenizar o impacto negativo é envolver todos, fornecendo-os informações precisas em tempo real, ouvindo suas contribuições e respeitando as opiniões adversas.

Então por onde devo começar e o que devo esperar caso queira implantar uma nova tecnologia ou inovar algum processo na Instituição em que atuo?

Acredito que não exista um guia ideal, pois cada local possui suas peculiaridades que apresentarão facilidades ou dificuldades ao projeto. No entanto, posso listar alguns lembretes que podem ser válidos na jornada:

  • Não tenha medo de inovar! O mundo precisa de gestores criativos;
  • Não confunda inovação com ilegalidade. Podemos tomar rumos distintos na gestão seguindo toda a legislação vigente sem causar problemas aos envolvidos;
  • A licitação é uma ferramenta útil! Por mais que o valor seja o ponto principal da maior parte dos processos, o instrumento convocatório deverá ser bem elaborado, com regras claras e com bons parâmetros de escolha de fornecedores;
  • Envolva o time! Não tenha receio de chamar os colegas para trocar ideia e para compor um comitê, um conselho ou um grupo de trabalho;
  • Não se iluda com milagres! Mesmo que muitas empresas demonstrem produtos e serviços promissores, aja com cautela e calma, pois bons projetos demoram para serem robustos;
  • Participe de fóruns, workshops, congressos, cursos e o que puder. A melhor forma de “oxigenar” o ambiente com novas ideias é entrar em contato com outras experiências e soluções;
  • E por fim (mas não se limitando a isto), pense para além dos ciclos de gestão governamental. Inclua no projeto formas de garantir que as iniciativas não morrerão caso haja a troca de governo. O desenvolvimento da cidade não pode parar a cada quatro anos esperando que projetos sejam reiniciados ou recriados. 

 

Cristina Schwinden* Graduada em Administração Pública ESAG/UDESC. Mestre em Administração UFSC. Secretária de Administração da Prefeitura Municipal de Palhoça/SC.

 

 

(Foto Ilustração: Vanzolini)

Autor: Cristina Schwinden

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